-Um chamado da
igreja: “Sois jovens da Igreja. Por isso Eu
vos envio para a grande missão de evangelizar os jovens e as jovens, que andam
por este mundo errantes, como ovelhas sem pastor.Sede os apóstolos dos
jovens. Convidai-os para que venham convosco, façam a mesma experiência de
fé, de esperança e de amor; encontrem-se com Jesus, para se sentirem realmente
amados, acolhidos, com plena possibilidade de realizar-se. Que também eles e
elas descubram os caminhos seguros dos Mandamentos e por eles cheguem até
Deus”. (Bento XVI, no encontro com os Jovens no Pacaembu em Maio de 2007).
O chamado que o Papa faz a juventude
é muito específico: Evangelizar os outros jovens, que andam perdidos, no erro
(errantes). Pra isso nos chama a pregação. Nos chama com todo vigor de nossa
juventude para anunciarmos Cristo crucificado e ressuscitado. Nossa missão é
ser uma voz, assim como João Batista (Mt 3, 3), ser a voz que anuncia a
salvação através de Jesus, nossa missão é convidar, porque como jovens, estamos
no mesmo meio, estudamos juntos, trabalhamos juntos, vivemos no mesmo “mundo”,
por isso, nosso testemunho tem força, tem a força da juventude, porque somos
fortes e a palavra de Deus permanece em nós (I Jo 2, 14).
É preciso assumir com o coração essa
missão. A missão de evangelizar a juventude que anda perdida é dada para os
jovens que se encontraram com Jesus. É preciso testemunhar essa experiência, a
grande experiência da conversão, a grande experiência do amor a Cristo.
Em 2007 a CNBB publicou um documento
sobre Evangelização da Juventude (EvJ), onde ela trata repetidas vezes do termo
“Protagonismo dos Jovens”. Isso quer dizer, em tudo aquilo que for feito para a
evangelização dos jovens, seja em algum movimento ou mesmo numa pastoral o jovem
precisa estar à frente, ou seja, jovem deve coordenar jovem, jovem deve
organizar os meios de evangelização pra jovem, jovem deve pregar para jovem.
A igreja da América se pronunciou
diversas vezes sobre os jovens. Em 1968, no CELAM de Medellín, os bispos
diagnosticaram que os jovens não se identificam com a igreja porque não se
sentem convidados a participar, identificaram ainda os jovens como sendo
sinceros, autênticos e com boa aceitação do diferente. Em Medellín os bispos
chamam a juventude de “símbolo da Igreja”, chamada a uma constante renovação de
si mesma. Em 1979, no CELAM de Puebla, os bispos chamam a atenção para algumas
características dos jovens: espírito de aventura, capacidade criadora, o desejo
de liberdade e o fato de serem sinal de alegria e felicidade, exigindo
autenticidade e simplicidade. Dizem nossos pastores que o papel da juventude no
corpo social da Igreja é dinamizar este corpo.
A igreja deixa claro que confia nos
jovens, sendo eles sua esperança. Em Puebla a Igreja da América Latina faz a
opção preferencial pelos jovens, no aspecto de pastoreio e evangelização. Em
1992 em Santo Domingo O CELAM reafirmou a opção preferencial pelos Jovens, e
pede uma maior inserção dos jovens na evangelização, promovendo o protagonismo
dos jovens e anunciando que o Deus da Vida ama os jovens.
A Igreja não trata os jovens como o
futuro da Igreja e sim como o presente, Portanto, “na evangelização da
juventude está em jogo o presente e o futuro da Igreja” (EvJ, n. 70), que
“evangeliza e precisa ser continuamente ser evangelizada”. (EvJ, n. 69).
Vamos a algumas
características:
1. Dinâmico: O jovem não gosta de nada parado, quer algo inesperado. É interessante
que o jovem não seja somente um expectador, é bom que ele participe, que a
mente dele funcione durante a pregação. Quando se faz uma dinâmica o jovem
precisa prestar atenção para saber o que vai acontecer, e muitas vezes ele
mesmo vai entender aquilo que foi feito. “O jovem necessita encontrar
instrumentos, pessoas e momentos que o marquem profundamente, provocando nele o
desejo de verdadeira mudança.” (EvJ, n. 120) Pra isso o pregador jovem precisa
ser criativo, é preciso então buscar todas essas dinâmicas através da
intimidade com Deus, que se consegue através da oração, porque “o jovem só é
criativo quando se sente a vontade com Deus e é amado por Ele.” (EvJ, n. 121).
2. Feliz: Para anunciar aos jovens, precisamos ter uma alegria contagiante, pois
aí está o que o jovem procura: felicidade. “Vivei sempre contentes” (I Tes 5,
16), para isso, “Orai sem cessar” (I Tes 5, 17). Enquanto o mundo oferece
euforia, Jesus oferece alegria. Isso precisa estar estampado em nossa face,
essa alegria que vem do Senhor, a alegria no Servir. Em todos os momentos é
preciso viver contente, quando sou convidado para pregar em um grande encontro,
com muitas pessoas, mas quando sou chamado a pregar em um grupo bem pequeno,
numa reunião de equipe, é preciso manter a mesma alegria. Nossa felicidade está
no serviço ao Senhor, Jesus é nossa festa, portanto, estar servindo-o já é o
motivo suficiente pra estarmos alegres, não importando o porte do evento. Na
alegria de um jovem que prega, o jovem que escuta vê a esperança de
experimentar também dessa alegria, por isso “o jovem é o evangelizador
privilegiado de outros jovens” (EvJ, n. 63), porque o jovem que está sentado
tem a oportunidade de se ver na condição daquele que prega.
3. Conhecimento: Podemos usar as palavras do profeta Oséias de forma adaptada: “Os
jovens perecem por falta de conhecimento” (Os 4, 6). É preciso buscar conhecer
a palavra de Deus. “Da palavra da sagrada escritura se nutre salutarmente e
santamente floresce o ministério da palavra, a saber, a Pregação...” (CIC, n.
132) “Desconhecer a escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a
anunciá-lo... é condição indispensável o conhecimento profundo e vivencial, da
Palavra de Deus... Do contrário, como vão anunciar uma mensagem cujo conteúdo e
espírito não conhecem profundamente? É preciso fundamentar nosso compromisso
missionário e toda a nossa vida na rocha da Palavra de Deus.” (DAp, n. 247) O
pregador jovem precisa ser firme e corajoso. Essa ordem que foi tantas vezes
dada na história é dada ainda hoje, mas não existe firmeza se não há convicção.
Portanto, o pregador que não estiver certo do que fala, passa a incerteza para
aqueles que o ouvem. Sem certeza e sem convicção não há coragem, portanto, sem conhecimento
da palavra e da doutrina da Igreja, não existirá pregador firme e corajoso, vai
existir sempre aquele que fala porque precisa dizer algo e não o que fala
porque tem algo a dizer. “São de grande valia as leituras teológicas,
Espirituais e documentos da Igreja como instrumento para o fortalecimento e
crescimento da Fé. A Leitura da vida dos santos e de seus escritos pode
contribuir enormemente para despertar ou alimentar a vida dos jovens que hoje,
sentem necessidade de modelos, líderes, testemunhas. Na história da nossa
igreja temos muitos santos e bem aventurados jovens como, por exemplo: Inês,
Tarcísio, Domingos Sávio, Albertina Berkenbrock e outros. A devoção aos santos
lembra aos jovens a sua vocação à santidade.” (EvJ, n. 128).
4. Saber enxergar as entrelinhas: Com base na palavra de Deus,
poderemos ver além do lógico, ver aquilo que precisa ser anunciado. É preciso
colocar na realidade da assembléia que lhe escuta o conteúdo da mensagem
bíblica lida. Existem muitos pontos de reflexão numa passagem bíblica, como a
do filho pródigo por exemplo (Luc 15, 11-32), não podemos abordar numa mesma
pregação todos os seus pontos, é preciso discernir qual o ponto que a
assembléia local precisa viver naquela pregação. Por isso é muito importante
conhecer a realidade na qual se vai pregar. Ex: Pedro andando sobre as águas
onde começa a afundar, podemos identificar aí a falta de fé, mas também a
permissão de Deus, imagine Pedro andando sobre as águas e logo depois sendo
constituído o 1º Papa, era importante Jesus manifestar que Pedro precisava
reconhecer de onde vem a sua força. Outro fato: Os hipócritas
(fariseu/saduceus) levaram a prostituta para ser apedrejada, podemos
identificar que os nossos inimigos muita das vezes sem saber nos levam para
Deus.
5. Pregar o querigma: jovem quando está iniciando, precisa ouvir o 1º
anúncio. “O Jovem necessita que falemos não somente de um Deus que vem de fora,
mas de um Deus que é real dentro dele em seu modo juvenil de ser alegre,
dinâmico, criativo e ousado.” (EvJ, n. 80) O jovem precisa se sentir amado,
reconhecer que Jesus dá a salvação e que Ele é o único Senhor. É claro que não
devemos permanecer apenas no primeiro anúncio, o jovem precisa ser bem formado
na fé, ter uma fé amadurecida, mas antes de qualquer coisa, precisa se
encontrar com Jesus, caminho, verdade e vida. Anunciar o querigma envolve
experiência de vida, só se pode anunciar o que se vive, portanto, é missão dos
jovens pregadores transmitirem em suas pregações a experiência de Cristo que
eles tiveram. A Juventude precisa se apaixonar por Jesus, para isso precisa
conhecê-lo, para então aceitarem sua salvação, seu senhorio, seu Espírito.
Assim como Deus enviou Paulo aos pagãos para anunciar Jesus ressuscitado (Atos
13, 2-3), hoje o senhor envia os jovens para evangelizar os jovens, e foi bem
claro usando a voz do nosso amado Papa Bento XVI: ““Sois jovens da Igreja. Por isso Eu vos envio para a grande missão de
evangelizar os jovens e as jovens, que andam por este mundo errantes, como
ovelhas sem pastor. Sede os apóstolos dos jovens. Convidai-os para que
venham convosco, façam a mesma experiência de fé, de esperança e de amor;
encontrem-se com Jesus, para se sentirem realmente amados, acolhidos, com plena
possibilidade de realizar-se.” Esse é o grande Desejo da Igreja, ver
“Jovens evangelizando Jovens” (EvJ, n. 120). O Senhor quer falar para os jovens
através dos jovens, porque de fato “Deus nos fala através do Jovem. (EvJ, n.
81) Não podemos esquecer que, “na base da evangelização está a força do anúncio
querigmático. O poder do Espírito e da palavra contagia as pessoas e as leva a
escutar Jesus Cristo, a crer n’Ele como seu Salvador, a reconhecê-lo como quem
dá pleno significado a suas vidas e a seguir seus passos.” (DAp, n. 279).
6. Testemunhar: Desde que seja, Breve, atual e objetivo. O testemunho precisa ser dado
com prudência, muitas vezes vivemos coisas difíceis até de se falar delas,
precisa discernir se o testemunho não vai escandalizar os ouvintes. Não devemos
ficar lembrando de como era nossa vida de pecado, nem falar como se existisse
um saudosismo. Testemunhar é dizer o que Deus fez e como estou agora. O
testemunho traz esperança para os ouvintes, se Deus fez com um, certamente fará
com o outro, por isso, o testemunho precisa ser verídico, deixe claro quando é
história e quando é testemunho, não misture as coisas, não devemos aumentar nem
mudar os fatos, testemunha-se o que aconteceu.
7. Precisa ter e levar: empolgação, entusiasmo, força, coragem,
alegria...
8. Assumir a unção ministerial: Você foi o escolhido, eleito, a
autoridade e a unção está com você, só precisa tomar posse.
9. Vida de santidade: “O verdadeiro
missionário é o Santo, o chamado à missão deriva do chamado a santidade. Todo
missionário só o é, autenticamente, se, se empenhar no caminho de santidade.”
(RM, n. 90) A única forma de pregar com autoridade é vivendo aquilo que se
prega. É preciso antes de qualquer coisa ser testemunha, e, testemunha é aquele
que viveu. Num processo judicial, o testemunho que tem mais valor é aquele de
quem esteve lá, de quem viveu aquele episódio. Portanto, na pregação, somente
aquele que vive terá autoridade para pregar, como diz o apóstolo do Amor, os
apóstolos deram o testemunho do que viram, do que ouviram, do que suas mãos
apalparam (I Jo, 1-2). “O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do
que nos mestres” (EN, n.41) “O homem crê mais na experiência do que na
doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias. O Testemunho de vida
Cristã é a primeira e insubstituível forma de missão.” (RM, n. 42) Portanto, o
que a gente faz fala muito mais do que só falar. Por isso a Palavra precisa
virar carne na minha carne, é preciso viver o evangelho, assim teremos
autoridade para pregá-lo. “A Evangelização exige testemunho de vida, anúncio de
Jesus Cristo e adesão a Ele, adesão à comunidade, participação na missão da
Igreja e transformação da sociedade.” (EvJ, n. 8).
1. Ser cheio do
Espírito: “Verdadeiramente o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão.”
(RM, n. 21) Os jovens precisam sentir a unção do Espírito através das palavras
que são ditas na pregação. A juventude precisa de unção, o que tocará no
coração é a unção. A palavra proclamada tem autoridade, porque é de Deus, se
aquele que proclama a Palavra fala na unção do Espírito de Deus, milagres irão
surgir nas pregações, e sentiremos a mesma experiência de Pedro, que ao pregar,
aqueles que recebiam sua palavra eram batizados. (Atos 2, 41) Com a força do
Espírito o evangelho será anunciado com ousadia e intrepidez, nossa oração
precisa ser como a dos apóstolos, pedindo o desassombro para anunciar a Jesus
Cristo (Atos 4, 29), porque devemos “resistir a tentação de reduzir ou
manipular a mensagem do evangelho para ganhar mais adeptos” (EvJ, 21), a
verdade precisa ser dita.
2. Obediência e amor a Igreja: é preciso buscar conhecer e
assimilar os documentos do magistério da Igreja, principalmente aqueles que
tocam a juventude diretamente, além dos que são específicos, deve-se observar
ainda o que a igreja diz sobre a internet e meios de comunicação em geral,
sobre a evangelização, sobre família, sobre Maria, sobre eucaristia, entre
outras coisas. São realidades que tocam de forma direta a juventude, portanto é
preciso conhecer o que a Igreja fala sobre isso, para que esse seja o conteúdo
da nossa pregação. Não podemos pregar em desacordo com aquilo que a Igreja
ensina. Devemos testemunhar o amor a santa Igreja e pregar a sua doutrina, não
pregamos nada de nós mesmos, mas em concordância com a Palavra de Deus, com a
Sagrada Tradição e com o Magistério (concílios, encíclicas, exortações
apostólicas, conclusões de conferências, etc.). Na América latina, além de
observar os documentos do Vaticano, precisamos nos atentar àqueles redigidos
pelo CELAM (Conferência Episcopal Latino Americana) e os documentos redigidos
pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e ainda existem
documentos próprios de cada diocese.
Esse conteúdo é de suma importância,
pois trata de forma mais direta de nossa realidade. Precisamos vivenciar as
moções vividas em cada tempo pela RCC, o movimento em que estamos inseridos,
observando e vivendo na unidade com o movimento e a igreja as moções para cada
tempo, em comunhão sempre com o Ministério Jovem, que caminha em unidade e
obediência a RCC.
Não podemos pregar nosso conteúdo, e
sim o conteúdo de Cristo, que é guardado pela Igreja, no santo Magistério.
Precisamos testemunhar e viver esse amor pela Igreja, muitos jovens têm
dificuldade de se inserir em grupos religiosos, nossa cultura implanta a idéia
da não-religião, os jovens assimilam a idéia de Deus, mas têm dificuldade de se
encaixar num grupo religioso por achar que deverá seguir regras apenas e irá
perder sua liberdade, tão desejada entre os jovens. “Muitos jovens têm
dificuldade para entender que eles são Igreja ou não se sentem acolhidos nas comunidades.”
(EvJ, n. 67) .
Por isso, na pregação precisa
transparecer esse amor sólido e verdadeiro pela Igreja. Sou Católico e amo a
Igreja, e amar a Igreja é bom demais!
Siglas
EvJ = Evangelização da Juventude,
publicações da CNBB, documento 3, 2007.
DAp = Documento de Aparecida (CELAM
2007)
RM = Carta Encíclica Redemptoris Missio (João Paulo II)
EN = Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (Paulo VI)
CIC = Catecismo da
Igreja Católica
"Esta formação não substitui em hipótese nenhuma a
formação de pregadores do ministério de pregação, ou seja, este projeto visa
dar aos pregadores uma direção para pregar para os jovens".
Fonte: www.rccjovem.com.br/novo
Nenhum comentário:
Postar um comentário